
Não pretendo fazer deste texto uma forma de justificar o comportamento de homens ou mulheres em relação ao Sexo, apenas mostrar as pressões e as condicionantes que todos nós sentimos, em relação a este acto. Decidi fazer este texto, motivado pela leitura dos comentários de algumas mulheres que afirmam que o "homem só pensa em sexo" e que isso é para ele a coisa mais importante na vida.
Para analisar esta constatação devemos observar as várias vertentes do Sexo. A vertente física, a vertente hormonal, a vertente animal, a vertente social, a vertente económica e a vertente emocional.
Na questão física, temos de verificar anatómicamente a situação, em que a mulher é a "penetrada" e o homem o "penetrador" ( isto em principio :-)), o homem tem o seu prazer quase garantido e a mulher pode passar por uma experiência desagradável e fisicamente e emocionalmente dolorosa ( muitas vezes é quase um acto feito por uma pessoa e um "objecto" ), a mulher "submete-se" ao homem, ( geralmente mais passiva no acto, espera ela que o homem seja capaz de o desempenhar com cuidado e especialmente carinho, e mais do que prazer espera validação emocional ).
Para além disso, sem grande explicação, a mulher nasce ( em principio ) com um "sêlo de segurança" que comprova se a "embalagem" já foi violada, e que cada vez menos tem importância, mas que já foi motivo de tudo desde rejeições, renegações a guerras e assassinatos. Também isso influi fisicamente no seu comportamento inicial em relação ao sexo e deixa a sua marca na na sua forma de encarar o sexo.
No fundo ou no início somos animais e acredito que tenhamos instintos básicos, devido também aos mecanismos hormonais e de sobrevivência ancestrais. O macho ( no caso da maioria dos mamíferos em bando) tem uma "mania" de tentar conquistar o maior número de fêmeas e agressivamente lutar pelo direito á procriação com as mesmas.
A "pressão" da testosterona e da oxitocina e os nossos "cliques" de procriar ( o máximo possível no caso dos homens e em segurança familiar e de recursos, no caso das mulheres ) também terão uma palavra a dizer, mesmo que apenas residualmente. O homem acorda de manhã quase sempre com desejo sexual irreflectido e a sua sexualidade está um pouco associado a um instinto agressivo de possessão( muitas mulheres transsexuais experimentaram um aumento exponencial do desejo sexual e da agressividade após a administração usual de hormonas masculinas para a transformação ). A violação será aqui a expressão máxima do poder da pressão sexual e hormonal sobre o homem, na qual agressivamente ele cede totalmente à necessidade de satisfação de prazer e desrespeita totalmente o direito de uma outra pessoa à sua própria vontade, integridade física e emocional. ( regressão do "homo sapiens" ao "austrolopitecus" ).
Temos também a vertente social, a qual advoga que homem "deverá ser viril, interessado em mulheres e alguns comportamentos são desculpáveis porque lhe são próprios" enquanto a mulher " deverá guardar-se, ser sexualmente discreta e ter juízo ou então engravida". Basicamente homem que tenha andado com várias mulheres é macho, mulher que tenha andado com vários homens é "puta". Isto surge enraizado em séculos de glorificação da virgindade feminina, ( injusta pela incapacidade da comprovação da virgindade masculina ), e pelo facto de ser a mulher a que pode aceitar ou não os sempre presente desejos masculinos ( a culpa será sempre dela que "cedeu" ) e o receio da homossexualidade masculina ( será que não há nenhuma relação entre a homossexualidade masculina e as experiências de descoberta entre amigos na falta de contacto feminino?). No fundo a sociedade ( homens e mulheres ) têm receio da liberdade sexual da mulher ( nas suas diferentes idades ) e as mudanças que isso pode acarretar. É um poder bastante grande e que revolucionaria imensos dos conceitos presentes até agora existentes. Imaginem o que seria se todas as mulheres pudessem ter o mesmo comportamento liberal dos homens. Várias instituições sociais correriam perigo, tal como o casamento, a procriação e a prostituição.
Em relação à vertente que denomino de económica decorre do desequilíbrio da "oferta e procura" de Sexo na sociedade. Há uma mole de homens à procura de sexo e uma escassez de "oferta do bem sexo", dados os critérios considerados necessários pelas mulheres. ( As minhas desculpas a quem fica chocado com esta frase, mas é culpa da formação própria ) lol. Mas a verdade não deixa de ser essa. A mulher tende a querer escolher especificamente com quem quer fazer sexo, e o homem não consegue ter acção absoluta sobre esse facto ( a menos que pague a uma mulher que venda o seu corpo, em dinheiro ou outras benesses ). Reparem na discrepância entre o número de prostitutas e de gigolos. A mulher tem sexo quase quando quiser, o homem só quando a mulher aceitar, e muitos são os "não", até lá chegar. Assim, muitas vezes o homem torna-se mentiroso e dissimulado, tentando tudo fazer para subverter a exigência crescente da mulher, com promessas do que ela "espera ouvir". A verdade acerca dos seus sentimentos virá ao de cima quando ele se cansar, ou não, do sexo que tem com ela. Sexo cansa, a comunhão de sentimentos e de personalidades não.( E este "jogo de póker", com apostas cada vez maiores de cada um dos lados, está cada vez pior. Uns mentem, os outros têm medo de ser "enganadas" mais uma vez ) .
Quanto à vertente emocional, o homem, quando faz sexo com uma mulher, tem a certeza que a mulher gosta dele de alguma forma, o aceita e o valida, enquanto a mulher não sabe se o homem gosta dela ou apenas a quer possuir, dada a avidez deste em o concretizar. Há um desequilibro notório no ganho de Ego e concretização pessoal e emocional dos 2 seres. O homem quando faz sexo, tem 3 ganhos, o prazer, a conquista de um objectivo e a garantia de devoção de uma mulher. A mulher, por seu lado, pode, no final do acto, não ter ganho qualquer dos 3. Também por isso muitas vezes usa o sexo, a perspectiva dele ou a falta dele, como arma de conquista, sedução e poder.
O peso do homem, emocionalmente, é necessitar sentir que foi capaz de dar prazer à mulher ( até nisso, a mulher por amor, ou necessidade que a coisa acabe depressa simula o seu orgasmo ). Apesar de tudo, e da insensibilidade masculina tão publicitada, tentem, mulheres, dizer a um homem, mesmo que não goste de vocês, que o sexo que ele vos deu não foi de forma alguma satisfatório, e que o João o fazia bem melhor. Ou que todos os orgasmos tiveram de ser fingidos. Tal como a mulher deseja imenso que o homem desfrute do prazer e ela seja a razão dele, também o homem necessita de se sentir realizado, mesmo que ás vezes seja demasiado egoísta na sua realização. A mulher deseja imenso que o homem ejacule dentro dela ( sem consequências ) e o homem deseja imenso ouvir os gemidos de prazer dela, razão pela qual ás vezes até se torna bruto.
Sexo é para os 2 seres uma experiência física e emocional, embora em doses diferentes consoante o sexo e o individuo. É no meio que estará a virtude, e no aproximar dos 2 extremos, da fisicalidade pura e da emocionalidade exacerbada.
Sexo é um momento único, entre 2 seres, no qual deixa de haver intimidade de cada um e passa a haver intimidade dos 2. Tudo aquilo que se escondeu durante anos passa a ser público para os 2 ( ou para a comunidade internauta quando publicado , lol, brincadeira ).
PS: Tenho 3 conselhos para os amantes, no sentido de apreciar a partilha da intimidade: o banho a dois, a conversa pela madrugada fora (encaixadinhos e nus )sobre as mais variadas situações da vida e os olhos nos olhos enquanto fazem sexo ou amor.
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