terça-feira, 30 de junho de 2009

As lendas - Michael Jackson



Primeiro de tudo... Juro que a coincidência que se pode ver em cima é totalmente verdadeira. Desenhei isso em 18/05/1992.
Impressionante.

Os mortos relembram-nos da nossa mortalidade. Quando um familiar nosso pára de viver o mundo parece que abranda na sua rotação, pára por momentos. Sentimos a perda, e uma sensação de alteração radical de vida, e também uma sensação de que a fila continua a andar. Um dia seremos nós.
No caso das celebridades é ainda pior. A perda é sentida por um imenso número de pessoas. Habituamo-nos a vê-los, a "viver" com eles, a sentir a suas dores e os seus sucessos. Queremos ser eles, queremos tocar. O culto do herói tem o seu apogeu.
Mas os heróis estão todos mortos, um dia.
No caso do Michael Jackson, apesar de não ter estudado a vida dele, olho-o como alguém a quem não foram dados todos os mecanismos de sobrevivência. Um miúdo que teve de dar o que tinha e não tinha no palco, e extravasou um talento imenso. Encontrou o seu rumo com Quincy Jones, e a rocha foi lapidada. Os seus êxitos são realmente êxitos. Repetidos sem conta na MTV, com todo o mérito e cantados facilmente em todo o mundo. Não foi a sua estranheza que cativou as pessoas, foi a sua genialidade. O génio é aquele que mostra o que parece estar á nossa frente, mas ninguém vê. Michael viu, sentiu e mostrou. Fundou uma marca, uma forma de estar, um estilo inimitável e imitado por todos.
Apesar de um diamante de talento faltava-lhe a capacidade de encarar as pressões próprias de ser o Rei. É necessário muito estômago, discernimento e capacidade de dar a volta ao sofrimento de se ser adulto em poucos anos. No meu entender Michael não sentiu os anos passar, sobreprotegido e sobreexigido tentou corresponder ao que esperavam dele, mas a vida é difícil de viver sem modelos fortes e convivência em sociedade capaz de nos mostrar como ultrapassar adversidade e como nos levantarmos depois do tropeção. Basta observar alguns documentários para perceber a sua ingenuidade, o seu show-off, por ser mais fácil ser o rei da pop do que o ser humano Michael Jackson. A sua busca pela "normalidade" trouxe-lhe esposa, filhos, de uma forma possível mas pouco natural. Não questiono a sua sexualidade, nem se teria tido comportamentos menos próprios com crianças. Questiono se Michael alguma vez teve 50 anos, ou mesmo 30 anos. Se alguma vez teve comportamentos malévolos totalmente apercebidos como adulto.
Ele não precisava ter morrido cedo para ser imortal. Mas isso vai torná-lo uma marca na 1ª década de 2000. Os anos 80 e 90 começaram a morrer.

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