
Hoje deixo-vos um texto escrito pela minha pessoa há 4 anos, em 31-01-2004.
O Amor é...
O Homem é um ser sensivel, encontra espaço na sua mente para se sentir feliz, triste, curioso, angustiado. Depara-se com os sentimentos logo nos seus primeiros anos de vida. Sente-se bem, sente-se mal, sente necessidades, sente prazer,e cresce com todas essas formas de sentir. Recebe amor dos seus pais e retribui com uma devoção imensa para com as pessoas que lhe tentam dar tudo o que ele necessita. Mas o Homem cresce, e aquele “mundo perfeito” começa a desmoronar-se. Os seus pais envelhecem, o seu aspecto fisico altera-se, começa a sentir necessidades de explorar outro tipo de prazeres, de interação. Procura assim um outro tipo de reconhecimento, de alguém que não “é obrigado” a senti-lo. Procura alguém cuja companhia o faça sentir-se bem, e que o faça sentir-se como razão da felicidade da outra pessoa, uma pessoa importante para a outra pessoa.
A Sociedade diz-nos que é normal amar, e principalmente que é normal amar uma pessoa de outro sexo. Tenta mostrar-nos também que é a razão válida para que duas pessoas encontrem na outra a companhia para o resto da vida. Mas penso que nos mostra apenas a resposta. O critério razoável para que deixemos de procurar. È-nos apresentado um conceito difuso de amor ou assumindo as formas de paixão, companheirismo, amizade, sentimento filial.
Todos nós sentimos maior ou menor empatia uns pelos outros, e todos, mais tarde ou mais cedo sentimos necessidade de alguém, uma companhia que ria connosco, que se sinta feliz com a nossa felicidade que a compartilhe, que nos apoie nos maus momentos, que envelheça connosco, que viva a sua vida em comunhão com a nossa, que aceite os nossos defeitos porque necessita de nós.A questão torna-se mais complexa quando tentamos observar até que ponto a nossa escolha terá sido a óptima. Ninguém ama sozinho, ou melhor, pode até amar, mas não ama para sempre, pelo seu próprio instinto de sobrevivência. Tem de haver assim uma coincidência de vontades, de escolhas, o que limita à partida as escolhas de cada um. Depois estamos limitados ao espaço demográfico que percorremos. Muitas vezes é apenas a coincidência, o acaso, a sorte que nos apresenta a pessoa com quem passaremos o resto da vida , e que determinará o rumo do nosso futuro. Também aqui nada é perfeito.No inicio apaixonamo-nos pela ideia que fazemos da pessoa por quem estamos atraidos, não reconhecemos ainda todos os seus defeitos, ou subvalorizamo-los em relação ás suas virtudes. Qualquer relacionamento é um investimento de tempo e sentimentos, e raras são as pessoas que pensam pô-la em risco com um novo relacionamento (principalmente quando se sentem felizes com quem estão), portanto não se procura outra pessoa quando se está com alguém, mas a verdade é que se não estivesse”ocupada” essa pessoa era capaz de responder positivamente a avanços de determindas pessoas. Dizemos que amamos com quem estamos, que é o amor da nossa vida, mas quando acaba...afinal não era aquela pessoa, não era amor de verdade, etc... E recomeçamos...Não existe verdadeira liberdade de escolha. Temos de escolher entre as pessoas que conhecemos na altura e ser escolhidos. Muitos relacionamentos que começaram após uma outra ruptura não se teriam iniciado se as pessoas no relacionamento anterior fossem mais compreensivas. Quantos relacionamentos não acabam por mero orgulho? Mas dir-me-ão: Se acabou era porque não eram compativeis. Pois, mas quase todas as pessoas já encontraram imcompatibilidades dentro do casal e nem por isso acabaram, entenderam-se, deram espaço de manobra ao relacionamento. E se o amor é um jogo de respeito e aceitar poder “perder” para que o relacionamento perdure, então o relacionamento entre 2 pessoas, quaisquer que elas sejam não é tão ideal e perfeito quanto isso, mas mais fácil de acontecer se for empreendido entre 2 pessoas sensatas.
Talvez o meu erro tenha sido esse, querer acreditar no amor romântico propagandeado pela sociedade principalmente em épocas de S. Valentim, nos filmes, pelas próprias pessoas e acreditar num amor que nada mais é do que desejo e paixão. Não existe amor perfeito e eterno. É eterno enquanto durar, mas se tal é, porque existe?? Porque não nos deixamos levar pelas marés das emoções,continuamente em direcção das diferentes pessoas que desejamos? Porque a Sociedade e nós próprios necessitamos de segurança. A procriação, fruto do desejo sexual e das necessidades próprias da constituição de familia não se coaduna com a não existência de casais, seguros bem identificados como progenitores de determinada criança.
Mas desejo e paixão, se bem que seja o inicio da relação, é algo mais comum, menos criterioso, o que retira o carácter divino do amor com “A” grande. Ou seja, ficamos com quem nos calha na “sorte” e com quem aceitamos ser uma “sorte” estarmos. E se depois encontrarmos alguém que nos parece mais apropriado. Devemos quebrar uma relação já cimentada pelo tempo, conhecida, para partir em direção a um desconhecido aparentemente mais atraente? Poucas o farão, mas apenas o fazem porque já escolheram, num determinado tempo e em virtude de determinadas opções...que não são eternas. Pedem-nos para escolher, baseados numa “amostra” ( as pessoas que conhecemos) , mas não nos mostram o “catálogo” todo simplesmente porque tal é impossivel.
Assim pedem-nos para depois de ter escolhido da amostra, esquecer que existem mais amostras e aceitar a escolha que fizemos ou caso contrário viveremos infelizes...
Um dia relerei e reanalisarei este texto. Quem sabe no dia dos Namorados :-)
Ainda estamos no mês de S.Valentim e já passaram uns aninhos...
ResponderEliminarHá aqui muitas afirmações que concordo, mas especialmente discordo da analogia final do "catálogo"!!!
Acredito na soulmate dependendo do local e da nossa disponibilidade e liberdade interior para dar lugar ao amor. Acredito que exista mais do que uma soulmate também!!!
Acredito também em momentos de felicidade e não a eternidade!!!
Acredito na entrega e na fidelidade a 100%!!!
Agora até me posso contradizer mas:
- Não acredito no casamento;
- Não acredito que existam timings para uma relação dar certo;
- Não acredito na monogamia se não houver de ambas as partes a sintonia e a confiança na sua amplitude.
Não acredito nos outros, mas acredito em mim...e serei feliz à espera da tal soulmate, do tal local, dos tais momentos ;)
Mónica
P.s.- Um dia relerei e reanalisarei o texto, quem sabe no dia em que O Tal esteja ao meu lado para que possamos ambos largar uma boa gargalhada no final da leitura :D:D:D!!!